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O espertar
O texto “O despertar” de Maria Helena Carrasco é muito interessante, porque retrata muito bem as fronteiras que definem quando um professor não atinge os objetivos básicos de educar gerando educandos sujeitos da construção de seus próprios saberes. Esse tipo de professor se apóia na condição de “dono da verdade” e inicia a sua “saga” de transmissor de conhecimentos, pois agindo dessa maneira protege-se de suas próprias incertezas. Entretanto, essa atitude se propaga através de uma relação autoritária e dogmática com os alunos, o que determina um distanciamento da realidade ou da linguagem que o educando trás para a “relação do aprender”. Segundo Japiassu, esse é um dos fatores mais complicados de nossa prática no processo educativo, pois nos fechamos em nossa formação acadêmica e não nos permitimos a relação com outras linguagens além da atitude rotineira e ritualística que consolidamos em nosso trabalho.
Observo esse aspecto, do ponto de vista abordado pelo texto, como a via de escoamento de todos problemas econômicos, culturais e políticos que fazem com que tenhamos um sistema educacional tão frágil em nosso país, porque a realidade mais cruel dessa estrutura educacional é aquele que, diariamente, encontramos dentro das salas de aula, principalmente, quando nos deparamos com o aluno proveniente de famílias desestruturadas, que constituem, atualmente, uma grande maioria deles. Então, além de toda uma problemática que ocasiona debilidades estruturais na relação professor aluno, a realidade econômica e social proveniente de relações excessivamente consumista dos meios nos quais vivemos atualmente, passou a responsabilidade da educação de comportamento básico, que era papel da família, para ser executada pela escola. Esse aspecto que atribuo à análise do texto de Carrasco visa agregar questionamentos que possamos discutir juntos, tendo em vista que o trabalho dos professores, na maioria dos casos relacionados a situação do sistema de ensino, se constitui em apagar o incêndio (infelizmente, na maioria das vezes, sem procurar saber quem ateou fogo).
Entretanto, mister se faz que eu reflita sobre minha prática, uma vez que a autora esclarece que “despertar” é uma proposta ao professor, na qual possamos criar a coragem de sairmos de nossas couraças imutáveis e penetrar em uma realidade que não está em nós, mas que temos plena capacidade de nos exercitarmos para compreendê-la e, na medida do possível, a cada dia, transformá-la.
Ao refletir sobre tal proposta, lembro de já ter vivenciado o despertar, principalmente nas evidências do texto, quando a autora fala de brincadeiras e jogos. Momentos que podemos viver junto aos educandos, em que eles assumem controle de regras. Ao trabalhar em escola ciclada, tive um contato com muitas formas de jogos e de relações diferenciadas, não só com as crianças, mas também com meus colegas de trabalho, pois a maneira como esse tipo de escola organiza-se, tudo “lincado” ao eixo temático, nos obriga a realizarmos um trabalho conjunto e de maiores possibilidades de relações horizontalizadas, nas quais os aspectos administrativos hierárquicos dissipam-se em vários momentos da convivência com o fazer do processo educativo.
Na prática em minha primeira escola pública, que foi a EMEF Paulo Freire, vivi um despertar radical perante os estudos que fiz em meu curso de magistério, mas tenho claro que o embasamento teórico do curso me possibilitou resistir aos questionamentos que apareciam, diariamente, dentro da realidade na qual estava inserida, quando trabalhei naquela escola. Acredito que tenha despertado, na compreensão de que o aluno não chega à escola cru e vazio, nem tampouco é um depósito de conhecimentos teóricos ou de dogmas da experiência de vida dos professores. Os alunos têm uma responsabilidade tão grande quanto a nossa ética, no processo de construção do conhecimento, só precisamos estar abertos e sem falsas defesas de “apropriação” de saber, que só evitam o fundamental que é o diálogo no processo educativo. Despertar é tornar nosso monólogo de educador um diálogo de aprender, com os alunos.
2 Comentários:
Olá Andréia, muito boa a tua postagem. Refetir sobre a nossa posição enquanto educadores, sempre é importante. Cada aluno, já traz a à sua bagagem, quando chega na escola.Apareça no Pólo, estamos sentindo à tua falta. Bjs.Adriana
Oi Andréia, que legal o teu blog, está cheio de produções. Quanto avanço hein? Lembra no início que tu estavas apavorada. Viu só, as coisas vão se ajeitando e a gente vai aprendendo, isso é muito legal poder ver o crescimento do teu trabalho. Espero que tu continues assim pproduzindo caa vez mais. Até!
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